330 milhões de pessoas afrodescendentes ao redor do mundo
Era o ano de 2003 na reunião da União Africana, que o potencial da diáspora africana, tomou um formato de consideração especial, ser a representatividade da sexta região do Continente Africano.
Após 15 anos desta iniciativa, em 2018 ela tornou-se viável com a determinação de implementação do Estado da União Africana (STATE OF AFRICAN DIASPORA) a ser coordenada pelo seu Primeiro Ministro Louis Georges Tin, nascido na Martinica e residente na França. Desta forma se formaliza procedimentos para cuidar da Diáspora Africana como uma contribuição econômica e social no crescimento do Continente Africano, pois são 330 milhões de pessoas.
Hoje, está em construção o Estado, no processo de reconhecimento dos países, escolha de seus 500 parlamentares representantes, nos 5 continentes, um quadro de ministros que tem a nossa juíza Dra. Mylene Ramos, como Ministra da Justiça e definições de projetos prioritários, entre eles a volta dos bens roubados da África pelos colonizadores, programa de incentivo de africanos retornarem para seus países e ajudarem no seu desenvolvimento, e outros mais.
Assim a Diáspora Africana unida, é uma potencia a ser trabalhada com ênfase e determinação, nas ações ao redor do mundo para a diversidade ser reconhecida.
No Brasil teremos 40 representantes voluntários dentro dos 100 destinados para a América do Sul que terão seus mandatos até 2023, quando haverá uma eleição e permanecerão apenas os que forem eleitos, assim como teremos votação para outros cargos dentro do governo inclusive Primeiro Ministro.
No caso brasileiro alguns deputados já estão efetivados, como Ivan Poli, Carlos Machado e Jader de Oliveira Nicolau Júnior e outros encontram-se no processo.
Abaixo uma reflexão e histórico da construção da integração dos países do continente africano.
Reflexão na diáspora
Qual a verdadeira conquista? A de armas, submissão, escravidão, exploração? Ou a cultural, representatividade crescente, reconhecimento de uma filosofia Ubuntu?
Dentro de uma matrix estruturada para subjugação, violência, desigualdade, somos cada vez mais resistentes e representativos e articuladores de soluções para o convívio pacífico, na medida do possível, quando não somos envolvidos e cativados por interesses escusos, como a guerrear, desunirmo-nos para nos enfraquecer e o poder ser mantido na estrutura de poucos egoicamente no comando.
Nesta matrix temos o continente africano que participa de várias formas para construção do mundo, antes do colonialismo e pós colonialismo. A verdadeira história está no início de ser estabelecida em todo mundo, ou seja, as pessoas deixaram de aceitar uma educação eurocêntrica e migrarem do senso comum para o senso crítico.
Devemos refletir que toda nossa estrutura de pensamento, está formada em uma base de não pensar, fora da cerca definida de métodos.
Portanto, se aproxima o momento de pular esta cerca, a África e a diáspora africana, estão a conquistar sua voz e a buscar na diversidade uma nova saída para um mundo melhor. Uma das lutas mais pertinente no momento e a de desestruturar os conceitos de raça, incutidos durante séculos com o objetivo de um domínio devassador em busca da manutenção de um poder ditatorial.
A integração dos países do continente – pequena visão superficial
Vamos lembrar de Abdias do Nascimento:
“O termo Pan-africanismo foi cunhado pela primeira vez por Silvester Willians, um homem negro advogado da cidade de Trinidad, que na ocasião estava em uma conferência de intelectuais negros nos anos de 1900. Willians levantava sua voz contra a expropriação das terras dos negros sul-africanos pelos europeus e conclamava o direito dos negros à sua personalidade. Estas reivindicações propiciaram o surgimento de uma consciência africana que começou a se expressar a partir do I Congresso Pan-africanista, organizado em Paris, em 1919, sob liderança de W.E.B. DuBois. O intelectual e militante Abdias do Nascimento foi o único intelectual negro brasileiro a acompanhar essas discussões. Nascimento teve grande importância nos Congressos mundiais, por se impor contra um projeto, que a seu ver era deturpador dos reais ideias da luta negra, de oficialização do pan-africanismo pelas elites de Estado que se formavam nos anos 60 e 70. O presente estudo busca realizar uma análise sobre as contribuições trocadas entre o pensamento pan-africanista e Abdias do Nascimento.” ( texto de Tailane Santana Nunes – internet)
Dentro deste panorama atual podemos nos voltar para o continente africano com 55 países, uma Organização que engloba todos eles – União Africana e dentro desta a criação do Estado da União Africana que comemora 1 ano de sua aprovação.
Mas através da viagem do tempo, vamos abordar um tópico da organização dos países do continente africano. Vamos começar com a Criação da Organização da Unidade Africana (OUA), em 25 de Maio de 1963 em Addis Abeba, Etiópia, por iniciativa do Imperador etíope Haile Selassie através da assinatura da sua Constituição por representantes de 32 governos de países africanos independentes, para enfrentar o colonialismo e o neocolonialismo e apropriação das suas riquezas.
Foram quase 40 anos de existência e destacamos neste período:
* Comité Coordenador da Libertação da África.
* luta contra o apartheid – na ONU e regime fosse internacionalmente condenado como “crime contra a Humanidade” na Conferência de Teerão de 1968.
* conflitos sobre a delimitação de fronteiras no norte, leste e centro da África – resolvidos sem interferência externa
* promoção da cultura africana, a OUA organizou em Agosto de 1969, em Argel, o Primeiro Festival Panafricano da Cultura
Outubro de 1970, em Mogadíscio, na Somália, o Primeiro Workshop de Folclore, Dança e Música Africana.
* Fevereiro de 1972, realizou-se em Nairóbi, no Quénia, a Primeira Feira de Negócios Pan-africana.
Ainda na questão do entendimento do funcionamento do continente africano, voltemos no tempo. “ Na primeira e segunda conferências dos países independentes de África, realizadas em Acra, Gana, em Abril de 1958, e em Addis Ababa, Etiópia, em Junho de 1960, foram discutidos os problemas económicos desses países e chegou-se a um consenso de que a fragmentação do continente e a concentração da produção numa pequena gama de produtos primários de exportação, constituíam grandes obstáculos à diversificação das atividades económicas e à criação de mercados modernos e internacionalmente competitivos.
Foi, portanto, acordado que os países africanos independentes deviam promover a cooperação económica entre si.
Então nasceu a OUA (Organização da Unidade Africana) e a criação de setores divididos em:
- o Mercado Comum da África Oriental e Austral(COMESA);
- a Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral(SADC); e
- a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental(Economic Community of West African States, com a sigla ECOWAS, em inglês ou Comunautée Economique des États de l’Afrique Ocidentale, com a sigla CDEAO, em francês).
A OUA foi substituída pela União Africana a 9 de Julho de 2002 em Durban na África no Sul e são atualmente 55 países, 23 a mais em comparação aos 32 de 1963.
Portanto, a África oficializou sua sexta região e espera tirar um bom proveito dela para alcançar seus objetivos de ser um continente capaz de contribuir muito mais para o crescimento do planeta, como era antes da colonização.